quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Projeto Sem-Abrigo
[PAS - Projeto de Acompanhamento Social]


 

Este é sem dúvida dos projetos mais recompensantes com que já colaborei.

Durante três anos e ainda hoje em dia, vou algumas vezes por mês naquela que é chamada a "Carrinha Amarela". Saímos pelas 21 horas da Boavista, após a já referida preparação dos Kits (ver aqui).


Os pontos em que paramos passam pelo Foco, o Bessa, a Rua Júlio Dinis, o Mercado do Bom Sucesso, o Planetário, Campo Alegre, Amial, Rua de Sta Catarina, Praça da República, zona da Trindade, Sé, Hospital de Sto António, Bingo da Boavista, entre muitas outras...

 

Tudo era inicialmente chocante, não percebíamos as histórias deles e todas as situações de pobreza extrema eram chocantes para um século e um país considerado por todos desenvolvido.

Distribuímos comida, bebida quente pelos sem-abrigo da cidade, ouvimos as suas histórias e damos-lhes o nosso ombro amigo.
O essencial não é estacionarmos a carrinha, distribuírmos a comida e voltarmos a arrancar para a paragem seguinte. É estarmos com eles, mostrarmos-lhes que ainda existem pessoas que os querem ouvir, que os valorizam e que há esperança em saírem da rua, procurarem um emprego e recomporem a sua vida.

Cada saída é alucinante, ouvimos histórias e histórias sem fim... De riqueza acabada em pobreza por vícios, más escolhas, decisões mal tomadas e por excesso de confiança em quem não se devia confiar. E riqueza de espírito acabada em pobreza dele também.
As pessoas deixam-se traír por aqueles que mais gostam e acabam na rua, acumulam dívidas e a partir daí é tudo um ciclo vicioso.
Envolvem-se na prostituição, nas drogas, nos vícios, no contrabando, no tráfico, entre muitas outras coisas.

São pessoas a quem não foi dada uma segunda oportunidade e também elas por comodismo, não se "chegam à frente" para a pedir. Mas chegam-se à frente para deixar que as suas histórias sejam ouvidas. Se são verdade ou não, não sabemos nem nunca saberemos.

Sabemos apenas que naquelas cinco, seis hors que estamos na Rua, somos aquilo que Eles mais precisam.























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